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quinta-feira, 22 de março de 2012

Triste Bahia - Clô III - FIM!

"Jana!". Ouço uma voz distante. Reconheço Cris, Patricia, todos. Só não reconheço a mim. Meu Deus, o que é que eu estou fazendo aqui? Levanto com a ajuda de alguém, vou direto ao banheiro, lavo o rosto. Lá fora, Patricia me espera com um copo de água e açúcar.

Durante o expediente não consegui parar de pensar, mas como tinha muitas coisas pra fazer, pensava, mas nao pensava direito. Fiquei desbaratada, mil coisas vinham a minha mente Estava como num sonho, cujas imagens não fazem sentido. Sim, eu buscava um sentido para tudo aquilo. Uma sensação me assolava e eu entendia que não estava consciente das atitudes que tomava. Tudo aquilo que eu levava na brincadeira, tinha se tornado sério demais e exigia de mim uma nova postura.

Meus colegas me olhavam com pena e ao mesmo tempo como se eu pudesse explicar alguma coisa. Conversei com Patricia e ela concordou em me deixar sair mais cedo.

Chego em casa, não sei como! Sheila está na cozinha, fazendo não sei o quê! Olho pra mesa da sala e vejo o jornal. Corro pro quarto, tranco a porta, caio na cama e durmo.

Foi um sonho! penso assim que abro os olhos e percebo que estou na minha cama. Saio do quarto direto pra cozinha, mas antes passo na sala, o jornal está no mesmo lugar, mas Sheila, não! Passo de novo pela sala de soslaio olhando a mesa. Pego o celular para conferir a data e as horas. Eu dormir um dia inteiro?! meu Deus, é verdade!

A verdade está posta e eu não tenho pra onde fugir, caminho até a mesa, pego o jornal e abro na página policial, leio devagar a noticia, olhando as fotos pra me certificar que são eles mesmo - "casal assassinado a facadas na ribeira". Acompanho o texto pra ver se tem algum suspeito, falam do ex-marido dela, do ex-amante dele e os depoimentos dos vizinhos, tudo de uma forma meio tosca,  meio sem interesse!

Lá no escritório, só comentários. Os dias passam e as informações são desencontradas, tantos falam e não dizem coisa por coisa. Não acredito em ninguém, só sei que Clô e Louro estão mortos. Leo foi indiciado, mas não existem provas. Raul, também, até o pastor foi chamado para depor. Graças a Deus, não mexeram com a gente aqui da repartição. No fundo sabemos que uma investigação custa caro e quem vai querer gastar dinheiro investigando o assassinato de um casal de negros pobres do subúrbio?

É dura nossa realidade!

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