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sexta-feira, 29 de abril de 2011

A CHUVA

O pensamento  encharcado de
lembranças chega em casa
abre a porta e deposita o guarda chuva
molhado na cozinha.

cric cric cric...
é o ruido do tempo e de um grilo
que pousou na minha janela.

Letargicamente se vão as horas
e o meu coração lancha o pão
com queijo e presunto comprados
no supermercado em brotas.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

domingo, 24 de abril de 2011

GILLETTE

Nunca fui porra nenhuma
Não sou porra nenhuma
Não serei porra nenhuma.

Mas, meu Deus, eu  simpatizava com o socialismo.
Adorava os discursos, as bandeiras, as passeatas
Adorava a dicotomia: capital e trabalho.
Os conceitos: mais valia, proletariado, partido único, diretorio...

e as barba dos camaradas!

Confesso, fiquei incomodada.
As barba(ras) dos camaradas, não!

A primeira tanto faz Bell.
a segunda do governador.
e tem a terceira, meu presidente!

Cortem-me os pulsos,
eu quero morrer!

Pelas barba do governador

Acordo cedo e espero o café da amanhã de sempre.
Compro os jornais e leio as ultimas:
Meu Deus, o socialismo foi pras cucuias!
As barba do governador vendidas pruma
multinacional americana.
O Que significa isso?
Estou estarrecida - O que é o capital!
Quanto custa as barba do governador?!
Ontem foi Sábado de Aleluia
e hoje é Domingo de Páscoa.

sábado, 23 de abril de 2011

BABEL

A palavra é louca
sai da boca e dos dedos
entra pelos ouvidos e pelos olhos
arrepia os pelos e o pensamento

A palavra é dislexa
tudo atrapalha
tudo mistura.

A palavra é divina
cria  transforma  mata.

A palavra é forma
é sentido é conteúdo.

A palavra usa

A palavra faz
e desfaz o mundo.

ALTA CULTURA

Amoleça, Senhor, meu cérebro
pra entender tanta brutalidade!
A galera é doida,
é insana.
Um boneco de pano morto a paulada
e seus bens distribuídos
entre a população faminta de sangue.
Kadafi, eleito a bola da vez:
Lixem, matem, taquem fogo
ao inimigo do povo.

Mágica

Senti o cheiro do perfume
que costumas usar.
Senti que ao usá-lo,
prendia-me inexoravelmente
ao teu entorno.
Rodopiando pouso em teu pescoço
e roço a minha cara em tua barba de ontem.

Sento em teu colo,
enrosco-me em teu corpo,
beijo tua boca
e sinto entre minhas pernas
tua presença...

sexta-feira, 22 de abril de 2011

O BACALHAU

Descongelei meu bacalhau,
meu bacalhau à Gomes de Sá
preparado com antencedência
para hoje, Sexta Feira Santa.

Sentada à mesa acompanhada
de meu amigo imaginário.
Ah! O que seria de mim sem ele,
meu eterno companheiro.

Comemos,
bebemos (o vinho)
e conversamos solenemente,
como é esperado para este dia,
sobre:
O Significado,
O Marco cristão,
A Morte
e a possível Ressurreição!

Ficamos por um tempo calados,
seguindo mentalmente o percurso da narrativa que nos foi ensinada:
Meu pai contando os últimos momento da vida do Mestre,
sempre mostrando o significado místico deste momento sublime.

O Milagre da Ressurreição
A Vitória sobre a Morte.

Tão presente!
Meu pai na sala explicando o Sagrado
e minha mãe na cozinha lavando, a contra gosto,
os pratos do Almoço.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

RESSURREIÇAO

Meu Deus,
Qual a relação entre um ovo e um coelho?
Sou cristã, mas não entendo.
Se fosse entre uma galinha e um ovo, tudo bem!

E o chocolate?!
Que mistura louca:
Ovo, coelho, chocolate!

Gente, ainda tem Jesus no meio!

Quero entender, acho que vou olhar no GOOGLE.
Com certeza, lá diz alguma coisa.

O GOOGLE sabe tudo!

Mas, blz! Independente de tudo:
Ovo, coelho, chocolate, Jesus e ... GOOGLE
Feliz Pascoa pra todos!

quarta-feira, 20 de abril de 2011

SIMPLICIDADE

Graças ao pesado transito que virou rotina em Salvador, pude me deliciar de uma cena corriqueira, mas que há muito não via. Na avenida Bonocô em frente ao Bom Preço, em um espaço destinado ao lazer, um amontoado de meninos brincavam,  bermudas surfista e  sem camisas. Tão parecidos no estilo, na cor da pela e na satisfação de estarem juntos .Brincavam de se refrescar, jogando água de umas garrafas pets uns nos outros, rindo e zoando.
Alguns moleques que estavam do outro lado da pista vendo o agito entraram na brincadeira, pulando uma espécie de cerca, destinada a separar os dois ambientes: o trânsito e o lazer. Foram recebido como irmãos. Pude ver que um tinha um problema na perna, uma menor que a outra, eu acho. Meus olhos não conseguiam captar tudo. Havia muita luz. Era três da tarde.
Pela janela do carro fechada, ar condicionado ligado, galgando aos pouquinhos os espaços naquele emaranhado de carros, extremamente irritada - não esperava um engarrafamento naquele horário!  Olhei pro lado e filmei a cena. Que espetáculo. Um deles, já quase homem com seus bíceps saindo, barriga tanquinho e um belo sorriso ficou bem próximo de mim, rindo um riso gostoso. Em estado de graça, fiquei alguns segundos completamente imóvel e envolvida na cena.
Despertei com um buzinaço . Automaticamente passei a marcha e segui meu caminho.
Divino Mestre, obrigada por ainda haver simplicidade tão grande assim!

terça-feira, 19 de abril de 2011

A COMUNIDADE DA VIDA

É tão fácil falar do que não se viveu,
do que não se tem experiência.
usam-se as palavras simplesmente
com algum poder de argumentação,
um nível suave de escolarização.
Mas e daí, convence?! uns poucos!
Os que  seguem,  seguem muitas vezes
porque não tem o que fazer e se  quer tem opinião.

A verdade ninguém sabe, ninguém viu.
O que se faz  da  vida esconde-se
muitas vezes atrás de argumentos primorosos e
bem estruturados," a favor
da vida dos fracos e dos que não podem se defender".

A culpa, palavra muitas vezes usadas pelo dedo acusador
dos que só sabem usar as palavras, é sempre do outro.
O outro sempre faz o mal, sempre se beneficia do mal.
E ele, o advogado de si mesmo, pois não participa da vida,
esconde-se atrás das palavras. E se defende da culpa, culpando
o outro. 

Não se sinta culpado, você é simplesmente um fraco!.

Você tem medo de sair da redoma de vidro que criou com as palavras.
E nós que somos os culpados te absolvemos.
Podemos sim, te absolver porque sabemos o que é a culpa.
Nós sabemos quem é você, lidamos com pessoas assim todos
os dias: "Os santinhos do pau oco".

Sai, meu filho e vá viver neste mundo e sinta como é bom errar
se é que seja erro, escolher um caminho. 
Os culpados escolhem seus caminhos e pagam por isso.
Os acusadores não escolhem nada, vivem pra culpar os outros.

Sai do seu casulo e viva. 
Viva meu bem, nós aqui de fora te aceitamos de braços
abertos e não com dedos em riste indicando seus
erros.

Quando você fizer parte da comunidade da vida,
entenderá o que é estar livre da culpa.
O que é ser feliz!




segunda-feira, 18 de abril de 2011

CYBER ESPAÇO

Tenho os nervos vincados,
esfolados dentro dum corpo
retesado electrônicamente,
buscando uma saída
num clicar de dedos.

Tenho pressa de estar
ou de ser ou de ter.
Pressa de funcionar.

As engrenagens que impulsionam
este ser cyber eletrônico pensante
não emperram jamais, graças
aos potentes antívirais que surgem
quase que espontaneamente tamanha as competências.

Estou no tempo eternamente presente.

Paradoxalmente, sigo adiante,
impondo bandeiras,
derrubando muros,
impedindo os avanços e retrocessos do que se pode chamar cidadania.

Faço dos ícones símbolos universais
de um mundo destribalizado,
sem foco e sem ideais.

INCESTUOSA

Desde tempos imemóriais
eu e a palavra , digo assim sussurando...somos amantes
Ela, co-criadora do mundo se insinuava pra mim antes do meu Eu juntar
as idéias em uma forma pensante.
Eu, idéia-criança bulinada pelo verbo.
Não, não tinha a intenção de ser feliz,  no entanto,
era e  incomodava.
Ela, maior que eu, se impunha com seu falo
entre minha pernas, apertando meus nervos, penetrando meu sexo.
Desmontando minha concretude diversas vezes.
Eu não queria, mas inevitavelmente, me abria
e gemendo, gozava formando versos brancos,
rimas internas e externas.
Metaforizando dor e prazer sem sentido,
sem nexo.
Sempre fui feliz, apesar de uma certa ânsia de vômito por
causa do            em minha boca.

PRAZER

Tocada profundamente,
tentei descrever em  versos
mas, não encontrei uma forma.
O conteúdo vazou, sujou a mesa,
travou as teclas do computador.

Urgentemente,
lutando contra o tempo,
estendi as sensações,
gravando em meu corpo
os signos invariantes e variados dos objetos extasiados

E,
na impossibilidade de ser poema,
meu corpo despiu-se da indumentária
comum aos seres pensantes, dedicando-se
exclusivamente ao deleite,
ao prazer.

Passagem

Meus pensamentos, agora, se encobrem duma fina penugem,
transmutando minha forma grosseira, sensível aos toques dos dedos
e dos olhares dos que passam.- Alguém ousará me tocar?!
Em breve serei só memória e todas as lembraças remeterão a um passado feliz.
Sim, a felicidade sempre foi minha companheira.
 Por isso, quedam-se pasmado diante do inevitável.
Diante das horas que passam em profusão minuto a minuto em velocidade acelerada
 - O Tempo, amigo íntimo
confidente de todas as horas não poupou-me do impoderável -
Estou só, como sempre fui, apesar da felicidade companheira e do tempo íntimo.
Eu,  criadora de todos os meus sentidos eternamente!

sábado, 16 de abril de 2011

O SER

Entender nossa existência tão efêmera passa pela aceitação das respostas filosóficas e religiosas que encontramos ao longo de nossa caminhada aqui no planeta Terra. O tempo, as perguntas e o caminho
são  os elementos principais para se compreender tal fenômeno.  

A COISA

Acordei paranóíca pensando nas coisas:
no significado das coisas,
na necessidade das coisas.
As coisas dominaram o mundo.
Tudo tudo tudo é coisa.
Eu sou coisa,
O outro é coisa
A coisa maquina pensante.
Mas, está certo - é assim que se escreve coisa?
Coisa ou... (fui ao dicionário e a pagina da coisa sumiu)
Acho que já li - cousa!
E a diferença?!, muda a forma, mas a coisa continua,
 -mas será que no passado as coisas não tinha outro significado?
engasgada na garganta,
o mal estar de si sentir coisa:
que produz,
que é capaz,
que é produto
 - Isso é coisa de quem não dormiu bem!
Volto pra cama e tento esquecer...

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Pedra

Pedra
pequena
parada
Pedra
lasca
capaz de significar

Guarde no coração

Penso que digo
diante do espelho
boca fechada
palavras escorrem
um Eu
oprimido
ofuscado
reduzido
boca fechada
gemem meus braços
gritam minhas mãos.

Autoria

Como é esse negócio de autoria?
Fulano roubou meu poema e agora,
por onde ando, ouço pedaços,
palavras soltas do que escrevi.
Escolhi o papel como suporte,
mas elas vagabudeiam por ai.
Desautorizo suas andaças.
Ouvidos ocos, elas fazem.
Rindo gostosamente de mim!

Pornografia

A poesia é pornográfica
vive se expondo pelas ruas e nos estabelecimentos privados.
Tentaram barra-la na porta do banco,
nas lojas dos shopping. Barraco!
A poesia sabe de que se faz.

Bombástica

Traçando o perfil psicológico da Poesia:
Ela é hiperativa e bipolar
A Poesia é uma Bomba!

Puta Merda

Primeiro vem a poesia
Depois, a lógica
Aí, eu tento enfiar a lógica no poema:
Puta Merda!