Total de visualizações de página

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Um olhar poético sobre o trágico desaparecimento de um pássaro

Um pequeno pássaro azul cintilante
morre ao se chocar em sua alma emuralhada,
prontamente suas mãos gordinhas e suadas
apanham o beija-flor e como um troféu
mostra a sua outra (a verdadeira amada simples e fiel).

Com a boca entreaberta como se chocado,
o olhar marrom claro de barro molhado
enterras o beija flor nas curvas da estrada íngreme
que desces segurando nos freios.

(Entendo quando falas que é assim NATURAL,
que se completarmos a sentença surgirá um verso lógico.)

Enterras o pássaro porque ele morreu com o seu pequeno cabedal -
buscando coerentemente do achado,
do gesto de se apanhar com as mãos,
de se enterrar nas curvas da estrada
pedregosa e escorregadias que nos leva as muralhas antigas,
moradas de velhos pretos sonhadores
enterrados ali mesmo ao pé das montanhas:

a racionalidade dos fatos,
dos contos, dos mitos,
dos heróis.

Um pássaro azul cintilante desconhecedor
dos ritos iniciáticos da razão.

Enquanto isso árvores centenárias,
que ouviram lamentos de dores,
uivos de prazeres, confusões de corpos
por vezes amando, por vezes morrendo,
sombream almas de pretos velhos pelambulando
ao  redor da pequena cerimonia fúnebre:

o funeral do pequeno beija flor da chapada.

Alguns rezam o terço,
outros fumam charutos.

Batuques e atabaques quem ouve
são as silenciosas montanhas,
as águas geladas das cachoeiras,
as grutas escuras onde peregrinos do mundo
inteiro se abrigam
em busca de respostas pra essa infinita dor
que há no desaparecimento de um pássaro.

As marcas, deixadas nas arvores altas e gordas
de nomes de casais casados e amantes que
rasgaram a carne dura dos troncos
pela busca da eternidade desse encontro,
olham por sua vez o descampado.

Outros pássaros também participam do cortejo,
cantam melancolicamente a melodia
determinada para essas horas
de pura reflexão sobre a dor intensa,
sobre a falta.

As flores silvestres
amarelas, rosas, lilases
enfeitam e dão perfume ao trajeto
onde passas com as mãos em conchas
e o pássaro dentro ao caminho da morada
final dos corpos.

Tranquilamente, os outros pássaros, as montanhas
o pretos velhos  e as flores
estão a espera do voo livre do pequeno beija flor
assim que se termine a sessão.

O subterraneo sofreu também um leve abalo -
rochas se fundindo  amorosamente
precipitaram-se para fora
tentando ver e ouvi a voz da dor  no cume das
montanhas, buscando nisso excitamentos,

surpreenderam-se e  iregelaram-se
ao ver a sombra das assas abertas
projetadas  como monstro pre -histórico nos
paredões,

do voo azul cintilante de um pequeno pássaro morto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário