Quando viestes procurar por mim
eu estava tranquilamente no recreio,
nem tinha percebido que o sinal batera
há uma hora.
Viestes por que notara a minha ausência.
Ouvi meu nome pelo ar e prontamente olhei,
nem tive tempo de reconhecer a tua voz e
a tua mão já estava sobre a minha como uma
garra - me deixei levar.
Entrei nas sala sob o olhar reprovador do mestre
e os sorrisos moleques dos meus colegas.
Distraída olhando as flores e
vendo as figuras que o vento monta
nas nuvens, sempre me atraso -
já não há surpresa.
Uma aluna repetente.
Quanto tempo achas que serás tolerada?
o mestre pensa mais não fala - essa lição eu aprendi
- leio as mentes, mas não adianta - pouco entendo!
Meu sorriso amarelo não desmancha a cara feia de ninguém,
há tempo que não consigo mais comover, só a ti, meu
grande amigo, irmão.
Quando termina a aula, continuas a me puxar pela mão e
espremendo-me no canto, solta o verbo: ouço-te cabisbaixo
respeito-te, mas não sei o que fazer, as flores e as nuvens me
fascinam e eu penso que me comunico com eles, exercem
em mim um encanto.
Desistes, apesar de sempre falar as mesmas
frases, acreditas em mim.
- Só que há uma urgência na vida e agora precisa ir correndo
pra venda ajudar a mãe e o pai. Vai!
Saio correndo com os olhos na frente
tentando ver se há alguma novidade no caminho:
um novo ninho, uma flor aberta.
As pobres borboletas voam assustadas com a minha passagem.
Rio e choro de alegria
é tão bom correr e olhar!
Nenhum comentário:
Postar um comentário